Uma autêntica viagem virtual pela capital espanhola é o que se pode fazer a bordo de dois camiões que o Governo da Comunidade de Madrid pôs a circular por vários países, com o intuito de promover a região. O “road show” está nas ruas desde Junho e ontem chegou ao Cais de Gaia, onde permanece até amanhã.

Hoje notícia no JN.

As fotografias

Agosto 23, 2006

Para voltarmos à fotografia e chegarmos a Portugal, a fotografia “Sofia Loren em Portugal” foi feita na altura de uma reportagem…

Pensando nessa reportagem a primeira coisa de que me lembro são as escritas nos passeios em frente à loja de chá- chat quer dizer em português chá, não é? Para mim, que gosto muito de gatos, os gatos estavam nos passeios e fartei-me de os fotografar. Fotografei também muitas mulheres que levavam coisas sobre a cabeça, pão ou bebés. Estive numas aldeias muito bonitas, Nazaré, na costa, e na região de Évora. Atravessei planaltos que parecem a lua. Em Estremoz havia um homem que fazia estatuetas e trabalhava nas finanças, ia receber os impostos de bicicleta e voltava para casa para fazer pequenas esculturas com um canivete. Fiz muitas fotografias sobre a arte popular, mas gostei sobretudo do trabalho desse homem… Luciano Martins de Oliveira, chamava-se.”

Agnès Varda, os filmes e as fotografias, “Daguerrencontro, Outubro 1992”, Cinemateca Portuguesa, Junho 1993.

De-ci De-là

Agosto 23, 2006

Tivemos muita sorte com outro acaso em Madrid. Estava no meu pensamento a ideia de não perder uma ida até Filmoteca. Mas esta ideia foi logo reforçada, quando soube através de uma brochura da Filmoteca- encontrada num posto de turismo- que estava a decorrer um ciclo dedicado à Agnès Varda e que havia também uma mostra fotográfica em redor das suas viagens, por aqui e por ali, intitulada De-Ci De-là (nome que também roubámos para o nosso blogue).

Felizmente tivemos a sorte de a vermos no último dia. Viajando, viajávamos naquele momento com Agnès Varda, por França, Estados Unidos, Cuba, Portugal e China. Lá vi a mulher de negro da Póvoa; as mulheres levando palha de Viana do Castelo; a inscrição de “here” numa estrada dos E.U.A; Fidel Castro com as suas asas de pedra e o Ulisses, entre tantas outras captações únicas.
Não foi possível tirar nenhuma fotografia no interior da Filmoteca,porque nos foi proibido. Na entrada havia, como nos museus que estivemos, uma máquina de raio-x. E três cartazes antigos nas paredes.

DE-CI DE-LÀ recopila fotografías que retratan el encanto de las calles de París y Marsella; la ingenuidad infantil en el régimen comunista chino; el movimiento hippy en California en 1968; un omnipresente Fidel Castro en la vida de los cubanos y un Portugal a medio camino entre el progreso y el subdesarrollo. Clichés muy distintos a sus imágenes y filmes contemporáneos en los que aparecen objetos, partes del cuerpo o sus mascotas. Su torpeza, asegura, es la culpable: “Un día la cámara rodó y terminé fotografiando mis manos. Entonces empecé a verlas como un paisaje. Otro día yendo en coche no cerré la cámara y grabé la tela del pantalón, y otro, tras entrevistar a unos viñateros, no la apagué. Así que al montador le dije: ‘Todo eso fuera’. Pero cuando en el monitor vi un botón bailando con el movimiento de la cámara, pedí un CD de jazz y descubrí que, con música, resultaba estupendo“.( Retirado daqui).

Uma curiosidade

Agosto 22, 2006

¿Te has preguntado alguna vez por qué a los madrileños se les llama gatos?

 Estava prestes para ser meia-noite e estávamos mais do que cansados. No entanto, de volta de um restaurante mexicano (que falarei mais adiante) situado na praça Chueca, voltávamos  pela parte de cima da cidade, íamos a descer o paseo de recoletos, quando a vontade de tomar um chá de manzanilla no café Gijón bateu mais forte. Gijón é o café literário com mais história na cidade madrilena. As suas portas foram abertas em Maio de 1888.Muitas foram as tertúlias, muitas são as tertúlias. Ou melhor, nas palavras de Ramón Gómez de la Serna, “la lámpara viva del tiempo y el sabio reloj de arena está en cada mesa”. E o que disse o poeta e ensaísta Luis Antonio de Villena, aquando da saída do seu livro : Madrid. Itinerario personal, sublime y canalla de la Villa y Corte.

P – El Café Gijón ocupa otro de los capítulos del libro, ¿qué podría decirnos de este café?
R –
 Yo iba al Café Gijón en mi época de estudiante, en 1967 o 1968. Entonces todavía había muchas reuniones de poetas. Creo que el esplendor literario del Café Gijón está en los años 40-50.
Quizá en los 60 ya era un café en decadencia, literariamente hablando pero es verdad que todavía había muchos escritores allí. Había una tertulia, junto a una ventana, donde estaba Gerardo Diego, se le veía que era un hombre muy callado, como apergaminado, en una esquina, presidiendo aquella reunión. Era un sitio al que iba también García Nieto y otros poetas menores. Había un vida literaria pero ya no era la vanguardia de la ciudad ni mucho menos.

Três Ruas

Agosto 14, 2006

[dentro do Prado]

O M2, um suplemento de informação local de El Mundo, por ocasião da comemoração festiva de San Isidro, realizou uma espécie de sondagem, tendo como ponto de base uma pergunta: quais são as suas três favoritas ruas de Madrid? Muita gente respondeu, das letras às artes. As mais assinaladas foram : Gran Vía (40 votos), paseo del Prado (34) e paseo de la Castellana (26) .

Também não quis fugir à pergunta e então aponto três, apesar de ainda não conhecer Madrid como gostaria (um dia talvez):

Paseo de Recoletos: neste paseo senti uma paz incrível, um paseo que cruza cultura (gijón mesmo ali ao lado, o café literário mais bonito que conheci) com plátanos centenários. cibelles, praça linda, fica mesmo ali ao descer o paseo e mais um bocadito estamos no paseo del prado. um paseo para eu recordar com saudades. tenho de voltar lá para tomar um café no el espejo.

Gran Vía: é um pulso fechado.está cheia de cinemas, fachadas arquitectónicas lindas de morrer,uma grande avenida que bate muito forte no coração de Madrid. por tantos instantes, senti-me que estaria também num grande avenida dos Estados Unidos (conhecimento dos filmes).

Paseo del Prado: maravilha das maravilhas, um luxo ter um triângulo fantástico de museus, tão perto, em que este paseo se toca. nem sei o que dizer. sentar naqueles baquinhos do Prado e: ou olhar para o museu a ver de lado de fora os quadros ou observar todo o ritmo da cidade para a rua.

L.

As luzes

Agosto 7, 2006

Quem chega a Madrid de comboio, quem chega ao centro, a Puerta de Sol, encontra certamente nos primeiros olhares para a cidade, o Tío Pepe, que continua ligado à sua garrafa, apesar disto.

A Puerta del Sol encontra-se mergulhada em obras.

L.

Fragmentos

Agosto 7, 2006

(c) L., Parte de mim em Madrid, Julho, 2006.

Parte de mim entre uma rua ruidosa e o fundo da biblioteca de Reino Sofía, e próxima de uma livraria fantástica, que tinha nada mais nada menos que uma enorme estante de livros dedicados ao cinema. Onde vi pela primeira vez esta maravilha muito tentadora.

L.

Erice-kiarostami

Agosto 5, 2006

 Uma foto, de tantas lindíssimas (de Madrid, também).

Na La casa Encendida em Madrid, até 24 de Setembro. A partir de Janeiro de 2007 no Centre Pompidou, em Paris.

For both men the political, cultural, ideological and social climate of the two periods they have lived through (before and after the political change) was never to be the declared subject of their films. They share the same conviction that cinema is first and foremost an art of singularity, that of the human beings whose story they tell and the actual world around them: their house, their neighbours, their landscape, their way of life. They are obviously aware that these modest, ordinary lives (the only ones in their eyes that are worth taking the trouble to recount) are partly determined by the overall situation of the society in which they are active.

Alain Bergala,The Pathways of Creation.

Beyond any of the ‘correspondences’ – some converging, others diverging, and several rather parallel and therefore bound to never cross paths – which curator/critic Alain Bergala has detected and consistently charted between Kiarostami and Erice, this gallery exhibition has the virtue (now quite uncommon) of inviting the curious visitor to think about a series of urgent and serious issues that each year fewer directors stop to wonder about (not to mention the vast majority of filmgoers and even critics): what to film and how, what to tell (if anything at all), with what means, with or without actors, from which camera set-ups, how far or near, when and why to end a shot, and how to link it to the next?

Miguel Marías, Risks and Revelations.

L.

Correspondência filmada

Agosto 4, 2006

 

O ponto de encontro mais definitivo entre os dois realizadores seria na correspondência filmada, uma troca de imagens e palavras, que sublinha o humor e marca todo um lado humano, tirando partido de uma forma muito simples de passar para nós espectadores, neste caso de cinco cartas. Todo o diálogo que se estabelece é uma experiência cinematográfica, que tem os seus momentos únicos, com na última carta, onde vemos um pastor enconstado à uma árvore com o seu ipod. Que modo de nos surpreender.

L.

Os caminhos

Agosto 4, 2006

 

Alegria foi o que senti quando vi estes caminhos, de Kiarostami. Uma exposição que pede verdadeiramente o olhar do espectador. Parece que estamos a assistir um filme. Via aquelas estradas e pensava que realmente fazia todo o sentido aqueles caminhos ali. 52 fotografias em preto e branco realizadas no Norte do Irão.

L.

Teheran, ao fundo

Agosto 4, 2006

Abandonaríamos o jardim de Kiarostami (voltaríamos lá, não podia deixar de ser, tal desconcerto era), e chegávamos a terra natal de Kiarostami, Teheran. Impressionante tal fundo negro da sala de exposição em contraste com o branco dominante, das suas fotografias. O seu amor pela natureza, a sua quase obsessão em voltar quase sempre aos meus sítios, no giro das estações, e fotografar como a sua fotografia fosse uma captação cinematográfica. Outro género de cinema este que ele nos dá, pela simplicidade, pela beleza, e pela fragilidade.

 “Para quem nasceu em um apartamento e está habituado aos grandes edifícios, aos carros, aos engarrafamentos, aos túneis, à linguagem publicitária e cuja vida se passa sob um céu cinzento e encoberto, a natureza tem uma significação inteiramente diversa. Em minha opinião, essa natureza é o oposto da natureza humana e de suas necessidades. Nós tendemos muitas vezes a esquecer essa realidade”.

L.

Mal eu sabia que estava aqui rendodamente errada, não foi em Barcelona, mas sim em Madrid. Uma mescla de sorte e acaso pelo meio. Quando depois de termos sido “assaltados”na livraria la central, termos seguido não a calle, mas sim a ronda de Atocha. Feliz engano. E foi quase ao fundo da ronda, que por mero acaso ,um virar de cabeça para dentro de um prédio (la casa encendida, la caja social), demos com o nome, de kiarostami, em bold gigante numa parede.

Começámos pelo final ou pelo início? Chegámos ao fim da exposição, entrámos numa impressionante instalação de árvores, troncos de árvores, num espantoso jogo de espelhos. Ouviam-se pássaros. Lia-se o poema: meu jardim de Mehdi Akhavan-Sales (M-Omid).Traduzo uma linha : Quem disse que um jardim sem folhas não é bonito?

Agora voltamos ao início, uma exposição que combina diversos meios e formatos: pintura, fotografia, instalações, filmes gravados em 35mm,duas curtas metragens. A exposição gira em torno da arte da infância kiarostami e Erice seriam, por algum tempo, os nossos companheiros de viagem.

L.